ANALOC- E E AS MARCHAS PICADA E BATIDA NA ALEMANHA

MARCHA DE CENTRO E PICADA – PRODUTOS DE EXPORTAÇAO
A . P . Toledo – Eng. Vet Assistant e Farrier (USA),criador de marchadores e coordenador do Analoc-E
Ref: Analoc-E – pista indoor da Ferwick Farm – Erbach – Alemanha - 2006


A marcha picada ou marcha de apoios laterais predominantes sempre foi muito apreciada para as viagens dos pioneiros da criação do cavalo marchador e continua sendo usada nas cavalgadas realizadas por grupos de criadores, no Brasil e em outras partes do mundo.
Na Europa ela é a preferida por criadores de cavalos de marcha, pela influência das outras raças estrangeiras de marcha picada como a Paso Fino, Peruvian Paso, American Saddlebred, Islandish e de outros pôneis marchadores, como constatado em recente palestra sobre análise de marcha, na Alemanha.
Os poucos animais exportados para a Europa e Estados Unidos foram, em sua maioria, animais de marcha de centro e picada, com algumas possíveis exceções. Eles chegam mesmo a torcer o nariz para uma marcha batida, confundido-a com andamento transicional para trote.
Alguns animais importados, com tendência à marcha batida de centro são levados, pela equitação, a passarem para a marcha picada.
Desta forma, indiscutivelmente, as marchas de centro e picada tornaram-se produtos de exportação e precisamos dar um tratamento especial ao rumo dos nossos criatórios de cavalos marchadores, para concorrer no mercado externo do euro e do dólar.


UM PRODUTO COM QUALIDADE
O cavalo deve ser de marcha de centro ou picada, equilibrada, natural; domado racionalmente e treinado para participar de nossos concursos nacionais. É desnecessário dizer que a a parte funcional, anatômica, podológica e sanitária do rebanho devem ser controladas, para atender às normas de exportação do produto "made in Brazil".


AS MARCHAS PREFERIDAS
O Analoc-E constatou as marchas de centro e picada, em cavalos treinados para concursos na Europa, que apresentam apoio lateral equivalente ou até 56% superior ao apoio diagonal. Isto mostra que estes cavalos de marcha têm CL (Coeficiente de Lateralidade) entre 0,8 e 1.56, ou seja, marcha de centro e picada muito boa, com apoios laterais superiores a 216 ms (milésimos de segundo), numa passada aproximada de 600 ms.
A Fig. 1 mostra uma demonstração prática do ANALOC-E na pista coberta da Farwick farm animal cruza de American Saddlebred e Missouri,que está iniciando um apoio triplo definido com os anteriores (triplo com o posterior direito). Em decorrência, o próximo apoio será o lateral direito, bem definido, o triplo de posteriores, diagonal, novo triplo definido de anteriores, lateral, triplo de posteriores e diagonal; fechando o ciclo da passada com oito apoios e quatro triplos bem equilibrados. o DIAGRAMA DE MARCHA a seguir, mostra as dissociações iguais em cada bípede diagonal é superior a 26% e garante uma assimetria estupenda de 0%, que representa o maior fator na regularidade da marcha. O HANDICAP desta marcha picada de CL= 1.56 é superor a 10.00.

 


A Fig. 2 mostra uma aula prática com os criadores europeus observando o ANALOC-E na pista coberta da FERWICK FARM - ERBACH. 

 

O diagrama do cavalo da Fig. 1 mostra uma marcha equilibrada com o Handicap superior a 10, constatado por meio da coordenação de 23 parâmetros e oito apoios de uma marcha completa,com qualidade e comodidade ao cavaleiro.
A velocidade é de 10,55 k/h. O comprimento da passada é de 1,76 metros.
No ranking do Analoc-E não encontramos, ainda, animais de marcha picada com este desempenho e, concluímos, também que a velocidade, entre 10 e 12 k/h é compatível com o porte menor destes marchadores.

A DISTRIBUIÇÃO E O MARKETING
Não se pode fazer comércio exterior sem marketing e distribuição para o produto. A começar pelas nossas associações, precisamos ter pessoas encarregadas e capacitadas para desenvolver este mercado externo.
O material de divulgação da associação e dos criadores deve estar, obrigatoriamente, em pelo menos um ou dois idiomas estrangeiros, incluindo catálogos e DVD's para apresentação em seminários e eventos em geral.
Precisamos estar ligados com os clientes e apoiar os compradores de animais brasileiros no exterior, para dar-lhes acompanhamento e apoio para a valorização dos animais adquiridos e, em conseqüência, para os seus descendentes nascidos no exterior. Para tanto, é fundamental estar presente com alguma propaganda em revistas, incentivar a abertura de núcleos ou associações regionais de criadores no exterior e patrocinar os poucos eventos que são realizados nestes países importadores. Os "sites" das associações e criadores na internet devem, obrigatoriamente, ser bilíngües.


CAPACIDADE DE ATENDIMENTO – PRODUÇÃO
Como possuidores do maior rebanho marchador do mundo, segundo dados estimados das associações, necessitamos revitalizar este patrimônio que foi, durante as últimas décadas, desprezado por dirigentes inaptos, quando desprovidos de conhecimentos zootécnicos e de mercado, desprezaram a marcha lateral, no universo dos marchadores. Assim, por muitos anos, a marcha picada foi classificada como andamento inferior e desequilibrado, chegando a ser retirada, por algum tempo, do padrão da maior associação de marchadores no Brasil. 
Não posso deixar de lembrar e de agradecer a luta dos vários colegas que defenderam a volta deste andamento, mostrando que, mais do nunca, as marchas de centro e picada são produtos de exportação e de equilíbrio zootécnico em rebanhos marchadores.

ARRUMANDO A CASA
Retomado o caminho do prestígio nas pistas,onde as marchas de centro e picada continuam discriminadas,o próximo passo seria a promoção de concursos de marcha de centro,picada e de adestramento, visando os mercados interno e externo. Assim, não teríamos dificuldade em ofertar e atender as exigências dos compradores. Enfrentaríamos as demais raças estrangeiras, com o nosso patrimônio incalculável de excepcionais eqüídeos marchadores.
Podemos incluir no cardápio o nosso precioso e quase exclusivo rebanho de muares marchadores. Vejam, no site, artigo sob o título: Nossas mulas marcham com qualidade.
Por outro lado, o criador deverá procurar a genética das marchas de centro e picada equilibrada,que estão muito raras, além do manejo e do treinamento adequados para fornecer bons animais marchadores, comprovados pelo diagrama de marcha.
Aliás, muitos criadores novos entram sem rumo na criação, por falta de um "pequeno manual" que as associações ainda não se preocuparam em produzir. Este manual mostraria, entre outras coisas, as funções a serem desenvolvidas pelos animais, as possibilidades mercadológicas da raça e as etapas principais do manejo e do treinamento a serem adotadas.
Afinal, vamos tomar o rumo da exportação e produzir eqüídeos marchadores à altura do mercado externo ou vamos continuar a trocar figurinhas?

toledo@toledohorse.com.br

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