O ANALOC-E E SUAS APLICAÇÕES NA EQUOTERAPIA (1)
A.P.TOLEDO, ENGENHEIRO, IDEALIZADOR E COOORDENADOR DO PROJETO ANALOC-E, AUTOR DE ARTIGOS E LIVROS SOBRE SUSTENTAÇÃO E BIOMECÃNICA DA LOCOMOÇÃO DOS EQUÍDEOS.
INTRODUÇÃO:
Muito se falou sobre o projeto do ANALOC-E, desde 1990, entre os criadores e técnicos das raças de cavalos marchadores. De fato, o ANALOC-E foi o único sistema apresentado, desde a década de 1990, que analisa em tempo real a locomoção dos equídeos e fornece um diagrama de marcha, completo com 23 parâmetros biomecânicos e um Handicap gerado por um algoritmo que possibilita a comparação entre indivíduos para fins de estudos os mais variados.
Diversos parâmetros zootécnicos foram criados ao longo das pesquisas entre 1990 e 1995, entre eles o DIAPASÃO que resume a relação entre os tempos de apoio e de suspensão dos quatro cascos do animal durante uma passada completa. Outros termos como a ASSIMETRIA do andamento que exprime a diferença das dissociações entre cada bípede diagonal durante a passada e; ainda, o termo HANDICAP que analisa os principais parâmetros da locomoção e classifica o indivíduo para fins de comparação e diversas conclusões relacionadas à locomoção, tais como herdabilidade da locomoção dos filhos, seleção de cruzamentos e descartes, treinamento de juizes e formação do ranking da raça, entre outros.
No final da década de 90 e virada do século 20 alguns pesquisadores da EQUOTERAPIA, envolvidos com a utilização do cavalo como instrumento terapêutico para crianças portadoras de algumas síndromes, tentavam relacionar e explicar a relação entre a locomoção tridimensional (em três planos) do centro de gravidade do cavalo e as diversas aplicações na prática em campo. Em resumo, sabiam que algumas síndromes apresentavam resultados animadores para os pacientes com o passo do cavalo, sem entretanto identificar o porquê e quais tipos de passos poderiam ser indicados para diferentes tipos de síndromes; e, com outros estudos, tentar relacionar o efeito terapêutico e o andamento equino.
O ANALOC-E E A EQUOTERAPIA:
O primeiro estudo foi realizado com as medições a passo dos cavalos da ESALQ, na mesma velocidade utilizadas nos tratamentos.
As seguintes conclusões surgiram com as análises, a saber:
1 – Aparentemente todos os cavalos apresentavam o mesmo tipo de passo, conclusão baseada em escritos de outros autores que descreviam o passo, por meio de conhecimentos empíricos anteriores, como andamento simétrico de baixa velocidade e igual para todos os indivíduos.
Na verdade, cada indivíduo tem o seu passo de acordo com a sua conformação e os seus estímulos cerebrais, que somente pela análise precisa do sistema aparecem nos seus mínimos detalhes. O passo é um andamento simétrico quanto aos seus tipos de apoios, sendo quatro apoios tripedais (três cascos apoiados), dois apoios diagonais e dois apoios laterais, durante uma passada completa. Por outro lado, o passo é um andamento assimétrico quanto à duração dos diversos apoios, principalmente os apoios dos bípedes diagonais e laterais.
2 - A relação entre o tempo de apoios em lateral e diagonal durante uma passada expressa o COEFICIENTE DE LATERALIDADE – CL um parâmetro criado também pelas nossas pesquisas e que permite justamente comparar os diversos andamentos em um mesmo grupo de indivíduos. Cada passo mostrava um COEFICIENTE DE LATERALIDADE peculiar àquele cavalo. Os cavalos mais marchadores apresentavam maior lateralidade e, portanto, valores maiores de CL. Os animais descendentes de animais da raça Mangalarga apresentavam menor lateralidade e valores menores do CL.
3 - Outra conclusão: A maior lateralidade decorre de maior tempo de apoio, maior diapasão e maior enganjamento de posteriores (sobrepasse), maior dissociação de bípedes diagonais, maior deslocamento médio lateral e possibilidade de maior rotação de cintura do paciente.
Essas conclusões embasaram um trabalho científico que foi apresentado pelo grupo da ESALQ, com os dados citados do ANALOC-E, em um Congresso Nacional de Equoterapia no início do século 21.
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